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Rota dos Vales Glaciários – As raízes da Serra
 
Para muitos de nós, Serra da Estrela é sinónimo de neve e de férias na montanha, mas há muito mais a saber e a descobrir sobre a cadeia montanhosa mais imponente de Portugal.
 
Rota dos Galciares - Serra da Estrela
 
Há 20 mil anos, durante o período Quaternário, a Glaciação na Serra da Estrela causou a acumulação de neves perpétuas acima dos 1650 metros, que se iam compactando e transformando em gelo, dando origem a um glaciar com cerca de 70 km quadrados de área e 80 metros de espessura! Com o aumento progressivo da temperatura, formaram-se línguas de gelo que deslizavam lenta e implacavelmente até altitudes mais baixas, cuja poderosa ação moldou estes vales únicos no país!
 

Rota dos Galciares - Serra da Estrela

Partindo do Planalto da Torre, poderá observar o contraste entre paisagens de rocha nua desgastadas pelo avanço do gelo, intercaladas por lagos, charcos e prados húmidos, e paisagens de rochas irregulares e angulosas que não foram afetadas pelo fenómeno. À volta da montanha, encontrará os cinco vales glaciários mais importantes, os quais poderá explorar através de percursos pedestres que percorrem os mesmos caminhos do glaciar. Não está curioso por descobri-los? Aponte a bússola para nordeste e siga a rota do Vale Glaciário do Zêzere, que se prolonga por 15 km e acompanha o percurso da maior língua de gelo, passando pela zona da atual vila de Manteigas. No caminho, poderá observar aglomerados de pedras arrastadas e moldadas pelo gelo (designados “moreias”), especialmente na margem esquerda do Rio Zêzere, abaixo do vale da Candieira.
 
Na direção oposta, com a aldeia de Unhais da Serra ao fundo, a rota do Vale Glaciário de Alforfa estende-se por 13 km. Por estar orientado para sudoeste, o vale tem maior exposição solar (ideal para percorrer em dias soalheiros!) e os gelos dissolveram-se a maior altitude, deixando rochas e blocos de grandes dimensões. É o momento de descansar e tirar umas belas fotografias!
 
Rota dos Galciares - Serra da Estrela
Se preferir uma rota mais curta, opte pela vertente oeste e percorra os 9 km do Vale Glaciário de Loriga, descendo até à vila que lhe dá o nome. Aí encontrará a ribeira de Loriga, a linha de água herdada deste glaciar e um dos cenários mais magníficos da Serra da Estrela! Já para os mais resistentes, o Vale Glaciário do Covão Grande estende-se por 17 km em direção a noroeste, até à aldeia de Lapa dos Dinheiros, e chegou a ter uma camada de gelo com 150 metros de espessura! Por ter maior inclinação, a erosão foi mais intensa e criou os espetaculares aglomerados de rochas da Nave Travessa, nas margens da Lagoa Comprida. Uma paisagem a não perder! Por sua vez, a rota do Vale Glaciário do Covão do Urso é a mais extensa, estendendo-se por 20 km em direção a norte e com uma duração de quase 6 horas, passando pela aldeia do Sabugueiro. A língua de gelo que lhe deu origem deixou à sua passagem o maior aglomerado lateral de rochas da Serra da Estrela, que se prolonga por cerca de 3 km no meio da vegetação!

 

 
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